Lancha escolar do quilombo Ilha de São Vicente é atacada após vídeo de transporte viralizar nas redes sociais

Famílias da Comunidade Quilombola Ilha de São Vicente ficaram assustadas e preocupadas após um ataque à lancha escolar que atende a comunidade. A corda usada para manter o veículo aquático atracado no quilombo foi cortada na madrugada do dia 13 de fevereiro. A embarcação se deslocou e foi encontrada rio abaixo, a cerca de 7 quilômetros de onde estava, dentro de um lago.

A lancha fica sob responsabilidade de condutor da lancha, que é quilombola e responsável por transportar, diariamente, as crianças que moram na ilha para o cais do porto de Araguatins, onde os estudantes pegam ônibus para chegar às escolas onde são matriculadas. A situação nunca tinha acontecido e chocou os moradores.

Um boletim de ocorrência foi registrado e a Secretaria Municipal de Educação de Araguatins foi comunicada sobre o fato. Para evitar novos ataques, a Semed providenciou uma corrente que substituiu a corda cortada.

O ataque aconteceu quando um vídeo do transporte escolar viralizou no instagram da comunidade (@quilomboilhasaovicente). O vídeo que mostra parte do trajeto pelo rio atingiu quase 2 milhões de visualizações, 85 mil curtidas, 820 comentários de pessoas de todo o Brasil e mais de 15 mil compartilhamentos.

A situação preocupa a comunidade que enfrenta, há anos, uma situação de conflito por causa do processo de regularização territorial. A situação ocorreu três meses após a entrega do título do território à Associação da Comunidade Quilombola Ilha de São Vicente. Atualmente, centenas de pessoas não quilombolas moram em lotes comprados de forma irregular no território quilombola.

“Não sabemos porque fizeram isso ou a quem quiseram prejudicar. Esse é um transporte que carrega crianças todos os dias, então todo cuidado é pouco. A lancha poderia ter descido ou batido em algum lugar, ou provocado algum problema mecânico que poderia aparecer durante trajeto. Ficamos com medo e vimos como um ataque à comunidade”, disse uma moradora que por medo não quis ser identificada.

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