Violência contra comunidades é um dos assuntos abordados em novo episódio do Podcast Trilha Quilombola 

O Podcast  é uma produção da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO)

Está no ar mais um episódio do podcast “Trilha Quilombola”. No episódio, recebemos a liderança quilombola, Maria Aparecida Ribeiro de Sousa, coordenadora Executiva da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) para uma análise de conjuntura do movimento quilombola do Tocantins  em relação aos principais acontecimentos do ano de 2023.

Maria Aparecida relata que a situação de conflito nos territórios e o aumento da violência contra comunidades quilombolas é um desafio no estado. 

“Hoje nós temos comunidades no Tocantins que sofrem violências e grande invasão no seu território. Um dos desafios que a gente percebe, hoje, é a questão do agronegócio, o desmatamento de forma desordenada dos seus territórios, e isso se torna uma situação de conflito e uma instabilidade para essas comunidades se manterem no seu território”, disse a liderança.  

Durante a entrevista, também é abordada a organização para a 2° edição do Aquilombar, a maior mobilização de quilombolas do país. O ato será  realizado na Funarte, em Brasília-DF, no dia 16 de maio, e tem como tema “Aquilombar, ancestralizando o futuro”. O evento também irá realizar a 1ª Feira Nacional da Produção Quilombola. 

O episódio completo está disponível no Spotify. Acesse aqui

Audiência Pública discute conflito agrário no Território Quilombola Claro, Prata e Ouro Fino 

Quilombo sofre com invasões e crimes ambientais e cobra do INCRA a finalização de RTID da comunidade, iniciado há 10 anos

Por Geíne Medrado

Nesta quinta-feira (04), a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) acompanhou audiência pública realizada pelo Ministério Público Federal (MPF) no Povoado Campo Alegre, no município de Paranã – TO, para discutir a situação de conflito agrário e ambiental no território quilombola Claro, Prata e Ouro Fino.

Conforme levantado na audiência, a comunidade denuncia a tentativa de apropriação das terras do quilombo por parte de grileiros e latifundiários, bem como a prática de crimes ambientais e exploração do turismo por terceiros.  

“Nota-se que a questão da exploração do turismo na região agrava ainda mais o conflito, visto que os empresários que adquiriram propriedades no território, excluem as comunidades da atividade turística. Diante do impasse, é urgente a demarcação do território para que o conflito seja resolvido e que a posse seja garantida à comunidade”, destacou Yonaria Alves Patricio, assessora jurídica da COEQTO.

Diante disso, a comunidade reivindica a conclusão do relatório técnico de identificação e delimitação (RTID) do território, iniciado em 2014, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA/TO).

Vale ressaltar que tramita na Procuradoria da República no Estado do Tocantins um inquérito civil que visa garantir a posse integral do território à Comunidade Quilombola Claro, Prata e Ouro Fino. 

Além de lideranças do quilombo, também participaram da audiência representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Superintendência Regional de Tocantins (INCRA/TO),  Núcleo da Defensoria Pública Agrária do Tocantins (Dpagra), poder público municipal de Paranã, Polícia Civil e Polícia Militar.

Encaminhamentos 

Na audiência, a comunidade cobrou dos órgãos responsáveis urgência na conclusão do RTID e que haja celeridade no processo. 

O INCRA, informou que a maior parte das peças de RTID da comunidade já foram concluídas, e que, será possível, em curto prazo de tempo, a finalização e disponibilização do documento à comunidade. 

Em reunião com o CNDH, COEQTO denuncia situações de violação aos Direitos Humanos sofridas pelas Comunidades Quilombolas do Estado

Por Geíne Medrado

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) esteve reunida com o Presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), André Carneiro, para tratar das diversas violações de Direitos Humanos sofridas pelas comunidades quilombolas do Estado do Tocantins. A reunião aconteceu nesta quarta-feira, na sede da OAB, em Palmas-TO.

Na reunião, a COEQTO denunciou a situação de conflito e violência sofridas pelas comunidades, bem como a ausência de políticas públicas básicas de garantia à dignidade humana como o acesso a água tratada, saúde e educação de qualidade. Também foi citado os impactos do avanço da mineração nos Quilombos no Tocantins. 

A Coordenação relatou ainda a negligência do Estado na Regularização dos Territórios Quilombolas do Tocantins e pediu apoio do CNDH no reforço à segurança das comunidades em situação de violência e conflitos agrários como os Quilombos Rio Preto, Clara Prata e Ouro Fino, Brejão, Ilha de São Vicente e outros. 

“Temos 44 territórios quilombolas e nenhum regularizado. A situação de muitas comunidades é de insegurança devido ao aumento de conflitos e violência. Falta o básico para as comunidades como acesso à água tratada, educação e saúde. Precisamos de apoio para melhorar a nossa realidade no Estado”, disse Maria Aparecida Ribeiro de Sousa, coordenadora Executiva da COEQTO. 

André Carneiro reforçou que o objetivo da agenda de reuniões do CNDH no Tocantins é ouvir as denúncias da sociedade civil em relação às violações de Direitos Humanos relacionadas à segurança pública e a partir dessa escuta criar estratégias conjuntas para resolução das situações. 

“Vamos fazer um relatório com o que foi relatado na reunião e fazer recomendações para o poder Público sobre situações mais delicadas de segurança das comunidades. A ideia é que a partir dessa documentação, as próprias comunidades possam cobrar das autoridades públicas uma resposta das recomendações que serão formuladas”, informou.

O presidente ainda reforçou a importância da presença dos movimentos sociais na audiência pública que será realizada na sexta-feira, 27, na Defensoria Pública do Estado, às 14h, para construir uma agenda de segurança pública que respeite os Direitos Humanos e o Estado Democrático. 

Encontro da CONAQ reuniu mulheres de todas as regiões do país para discutir demandas dos territórios 

II Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas aconteceu entre os dias 14 e 18 de junho e reuniu mulheres de 24 estados e de todos os biomas

Por Geíne Medrado 

O II Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas da Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) aconteceu entre os dias 14 e 18 de junho, em Brasília-DF, com o objetivo de promover trocas de diálogos entre as várias organizações de comunidades quilombolas do Brasil para unir forças pela justiça e igualdade. O evento reuniu mais de 350 mulheres de 24 estados brasileiros, além de mulheres afrodescendentes de outros países da América Latina. 

Do Tocantins, mais de 18 mulheres de 14 quilombos participaram do Encontro. A  delegação do Estado contou com a presença da Defensoria Pública do Estado do Tocantins, por meio do Núcleo Especializado de Questões Étnicas e Combate ao Racismo (Nucora), e com apoio da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), por meio da Diretoria de Proteção Quilombola. 

A programação foi composta por mesas de discussão com autoridades do Governo Federal, convidados e coordenadoras da CONAQ, além de grupos de trabalhos, mística de abertura organizadas por regiões do Brasil, mostras de produtos das mulheres quilombolas dos Estados e apresentações culturais. 

No último dia de programação, 17, teve lançamento de publicações escritas por mulheres quilombolas, além de muita descontração e músicas da ancestralidade. O momento foi reservado ainda para homenagens a companheiras quilombolas e parceiros. 

Flávia foi homenageada com apresentação cultural do Quilombinho. Foto: divulgação

Uma das homenageadas, a jornalista quilombola Flávia Oliveira, teve parte de sua história ancestral contada e se emocionou. ”Quanto mais sabemos das nossas origens, melhor traçamos os nossos destinos. Acho que essa busca do passado é fundamental para consolidar essa trajetória que me ajuda a falar das histórias de todas nós. Estou profundamente grata por essa memória sendo aflorada mais uma vez”, disse. 

Ao final do evento, foi lida a carta do Encontro, que resumiu os principais pontos discutidos na edição. O documento foi aprovado por todas as mulheres quilombolas participantes. 

Somos mulheres quilombolas, todos os dias criamos e recriamos a vida. Existimos e resistimos e, assim, temos dado muitas chances ao Estado brasileiro de reinventar o sentido de cidadania para o povo que construiu com as suas mãos o país que temos. Certas da nossa força e da força do movimento quilombola, repetimos: nós, mulheres quilombolas, seguiremos a nossa missão de resistir para existir! E exigimos do Estado brasileiro atenção para as nossas demandas!”,  cita trecho da carta escrita por  mulheres quilombolas durante o encontro. 

Confira a carta na íntegra aqui –  Carta mulheres quilombolas – II encontro

Mostra das mulheres quilombolas

Durante todos os dias do Encontro, foram expostos produtos produzidos por mulheres dos 24 estados participantes do evento. Confira, abaixo, os relatos de algumas mulheres que trouxeram seus produtos para comercializar na mostra.  

Espírito Santo

Mulheres quilombolas do Estado do Espírito Santo vendendo diversos produtos na feira do Encontro. Foto: Geíne Medrado

Sandra dos Santos Penha, 47 anos, da comunidade Quilombola Divino Espírito Santo, no município de São Mateus – ES, trouxe o beiju de tapioca para comercializar na mostra das mulheres, o produto é uma tradição na sua comunidade. Dentre os diversos sabores produzidos estão o beiju de coco, paçu de coco e beiju de amendoim. Sandra conta que a produção do beiju ainda é artesanal, mas que o grupo de mulheres da sua comunidade estão empenhadas em conseguir o selo de comercialização. Ela explica como é feita a produção: 

Cada família tem uma farinheira, e cada mulher produz na sua. Usamos a goma, que vem do polvilho da mandioca, usamos açúcar e coco. Nós produzimos e comercializamos nas feiras do nosso município e temos outros produtos que complementam a renda como a pimenta, o corante, o café que predomina dentro das nossas comunidades” disse.

Rio de Janeiro

Dona Landina Maria Antônia de Oliveira, do quilombo Maria Joaquina, vendendo seus produtos na Mostra das Mulheres. Foto: Geíne Medrado

Landina Maria Antônia de Oliveira, 68 anos, presidente da associação do quilombo Maria Joaquina, em Cabo Frio – RJ, trouxe bolsas, pochetes e necessaire produzidas em um ateliê, onde 48  mulheres aprendem e fabricam os produtos. Ela conta mais sobre a importância desse projeto. “É um projeto de fortalecimento e renda para as mulheres. Conseguimos as máquinas do ateliê através de um edital e juntamos mulheres para participar. Tínhamos mulheres que não saiam de casa porque tinham medo de se comunicar e através do projeto elas perderam esse medo. Nós pretendemos montar uma cooperativa e trazer mais renda para as mulheres”, relatou.

Mato Grosso do Sul

Luzia Balbina dos Santos, do quilombo Furnas do Dionízio, vendendo mandalas na feira do Encontro. Foto: Geíne Medrado

Luzia Balbina dos Santos, 54 anos, do quilombo Furnas do Dionízio, município Jaraguri – MS, trouxe para exposição um pouco da produção artesanal feita por um grupo de mulheres do quilombo. Uma das peças, a mandala, leva o formato de uma flor e é feita com sementes de plantas do cerrado como ‘Pente de Macaco‘ e ‘Carobinha‘, colhidas na região. Luzia cita outras peças como o ‘cachepot‘, que serve de vaso ou porta-trecos, feito da fibra da bananeira e sementes de coco, além de peneiras feitas de ‘taboca’. “Nosso grupo se reúne e ensina outras mulheres para manter a tradição. As peças são comercializadas na feira mensal organizada pela nossa Associação. Então é muito gratificante estar expondo o nosso trabalho aqui, viemos em 13 mulheres representando o nosso quilombo”, disse. 

Tocantins 

As quilombolas tocantinenses Ivanilce de Araújo Lopes e Juelina Alves da Silva na mostra do Encontro. Foto: Bruna Santos

Ivanilce de Araújo Lopes, 39 anos, do quilombo Mata Grande, em Monte do Carmo – Tocantins, trouxe para comercialização o bolo de arroz e o bolo de mãe, ambos feitos na palha de bananeira, além do bolo quebrador, peta e licor de jenipapo. “Essa tradição culinária era da minha avó e foi passando de geração em geração. Muitas pessoas passaram pela nossa banca e estão gostando e elogiando muito. Estamos aqui juntas para apresentar a nossa potência. Mulheres quilombolas ajudando mulheres quilombolas“, comentou. 

Juelina Alves da Silva, 49 anos, do quilombo Lagoa Azul, em Ponte Alta do Tocantins, exibiu  peças de capim dourado que representam as produções de mulheres quilombolas artesãs da Região Jalapão, tais como jóias, ‘Sousplat‘, ‘tapiti‘, ‘quibano’, entre outros.  “O capim dourado é nativo das veredas e ele é um produto muito importante pra gente, pois através do capim dourado fazemos nosso artesanato. Eu aprendi com uma cunhada, mas a minha mãe já fazia, só que não tinha muito valor naquela época. Hoje, é algo valorizado. Está fazendo o maior sucesso o nosso capim dourado“, disse.

Mesas de discussão

Foto: Cláudio Kbene

O primeiro dia do encontro, 14, contou com a participação da primeira-dama, Janja Lula da Silva, da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, da ministra da Mulher, Cida Gonçalves, e do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, além do Ministro da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macedo, e de vários parlamentares.

Durante a realização das mesas de discussão, as mulheres denunciaram a violência contra à mulher negra e quilombola e o racismo estrutural,  e cobraram do Estado a elaboração de políticas públicas específicas para as mulheres quilombolas e a regularização dos territórios. Foram relatados ainda problemas como precarização das escolas e do serviço de saúde.

Sandra Maria da Silva, coordenadora Executiva da CONAQ, agradeceu a presença das mulheres no encontro e reforçou a pauta do evento. “Nós somos mulheres de luta. Esse momento é de dar visibilidade às mulheres quilombolas e reivindicações dos direitos territoriais. Esse momento é de construção e reconstrução das políticas e de titulação de nossos territórios. Passamos por percalços, mas sobrevivemos. Estamos aqui juntas para construir”, pontuou. 

A primeira-dama, Janja, agradeceu o convite para participar do Encontro e após repassar os cumprimentos do presidente Lula, reforçou a importância das mulheres negras e quilombolas na retomada da democracia. Citou a necessidade de combater a misoginia e violência contra a mulher. Destacou ainda a falta de representatividade das mulheres no parlamento e a importância da mulher ocupar os espaços de poder. 

Na ocasião, a ministra Anielle Franco citou o desenvolvimento de políticas para a população quilombola no atual Governo, como a construção da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola (PGTAQ) e o Plano Nacional de Titulação dos Territórios Quilombolas, uma demanda histórica da CONAQ.

Paulo Teixeira disse que um dos objetivos do ministério é promover o desenvolvimento das economias quilombolas e a regularização fundiária. Destacou que as áreas quilombolas e indígenas serão incluídas no programa de aquisição de alimentos e que o governo pretende  incentivar a agroindústria quilombola. 

Após ouvir as demandas das mulheres, em especial sobre a burocracia de editais de fomento, a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, falou da importância de garantir a geração de renda dentro dos territórios, e da luta pela igualdade salarial entre homens e mulheres. Reforçou que uma das perspectivas do governo é trabalhar a igualdade no Brasil, e que serão discutidas formas de avançar no repasse de verbas para mulheres quilombolas. 

Projetos 

Meninas da Escola Nacional de Formação de Meninas Quilombolas. Foto: divulgação

No segundo dia,15, foram apresentados projetos desenvolvidos pela CONAQ e parceiros. Dentre os projetos citados está a Escola Nacional de Formação de Meninas Quilombolas, projeto apoiado pelo Fundo Malala. Na ocasião, as meninas participantes do projeto falaram de suas experiências nas escolas e denunciaram as dificuldades no ensino como a inferiorização da educação. 

Em vídeo inédito exibido durante o Encontro, as meninas apresentaram as principais reivindicações das estudantes quilombolas. Foram defendidas a abordagem de conteúdos voltados para a realidade quilombola, educação baseada nas diretrizes da educação quilombola, transporte e merenda escolar de qualidade, e formação de professores voltada para os saberes do povo quilombola. 

Programa Aquilomba Brasil 

O Secretário da Secretaria Nacional de Políticas para Quilombos, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Ciganos, no Ministério da Igualdade Racial, Ronaldo dos Santos, falou do compromisso com as mulheres quilombolas dentro da agenda governamental e destacou que umas das prioridades é criar estratégias para avançar na titulação dos territórios, citando o programa Aquilomba Brasil, criado pelo decreto 11.447/2023 como parte do pacote pela igualdade racial do Governo Federal. 

Grupo de Trabalho (GT’s)

Foto: Geíne Medrado

Durante os dias de encontro, as mulheres se reuniram com o intuito de promover a troca de conhecimento e discutir demandas dos territórios. E com isso, buscar estratégias para soluções dos problemas relatados. Foram discutidas diversas temáticas, entre elas estão:

Mulheres quilombolas comercialização, produção, renda e previdência rural e Bioeconomia. 

As mulheres fizeram relatos sobre as demandas de seus territórios. Destacaram a falta de incentivo dos gestores na geração de renda para as mulheres negras e citaram dificuldades referentes ao empreendedorismo, agricultura familiar e território.

Luzia Mendes, 59 anos, do Quilombo Engenho, no município de Baião do Pará, na região do Baixo Tocantins, falou sobre a experiência de seu território, destacando a preocupação com os impactos que as comunidades sofrem devido a ação de grandes empreendimentos como a mineração: “Temos 43 territórios no nosso município, mas apenas 4 são titulados. Na nossa região existe o projeto de construção de uma barragem no Rio Tocantins e vamos sofrer grandes impactos como o envenenamento de nossos rios. Não vamos mais poder praticar uma de nossas atividades de sobrevivência, que é a pesca. Vamos ver a riqueza passando e nós ficaremos na miséria“, relatou. 

Mulheres quilombolas, acesso a saúde e práticas ancestrais

O grupo destacou a necessidade de valorização dos saberes ancestrais. Também abordaram sobre as diversas demandas e desafios enfrentados pelas comunidades referente ao acesso à saúde. Foram relatados, por exemplo, problemas de infraestrutura e transporte e a falta de atendimento nas unidades de saúde. 

“Precisamos valorizar os profissionais que estão no quilombo e que tem formação. Mas na realidade o poder público não promove esse incentivo, trazem pessoas de fora para atender às comunidades, sendo que a comunidade tem profissionais qualificados. Nossas demandas já são conhecidas pelo poder público, agora cobramos soluções”, citou a professora Nirda Rosa, do quilombo Chumbo, 46 anos, em Poconé – Mato Grosso.

Comunicação popular quilombola como ferramenta de luta política

O grupo discutiu a importância da comunicação como ferramenta de denúncia para levar a realidade e reivindicações dos quilombos na busca pela solução de demandas. 

“Na minha comunidade estamos passando por situações difíceis. Temos muitas famílias em situação de vulnerabilidade. Além disso, faltam medicamentos nos postos de saúde. Acreditarmos que a comunicação é muito importante para levar a nossa realidade”, disse Suelen Severino da Silva, 32 anos, tesoureira da Associação do Quilombo Graúno Itapemirim, no Espírito Santo. 

Mulheres Quilombolas e o acesso a Justiça

O grupo trouxe denúncias como o racismo estrutural e institucional, violações das leis por parte dos estados e municípios, a não aplicação da consulta prévia, livre e informada nas comunidades antes das construções de empreendimentos que atingem diretamente às comunidades, entre outras pautas. 

“Por mais que nós possuímos a nossa organização dentro de cada estado e município e que a gente busque fazer essas denúncias e recorrer ao poder judiciário para ter nossas demandas atendidas, esse Encontro nos fortalece porque a gente consegue entender melhor a realidade de outros quilombos, e o que percebemos é que nossas realidades se encontram. Buscamos que nossas denúncias cheguem às autoridades competentes e que nossos direitos sejam respeitados”, pontuou a advogada Madaliza dos Santos, 29 anos, do quilombo Maçambique, em Canguçu – Rio Grande do Sul. 

Encerramento 

Finalizando o Encontro, foi feito o chamamento para a segunda edição do Aquilombar. O evento, que leva  o tema “Ancestralizando o Futuro” será realizado em Brasília-DF,  no dia 7 de novembro de 2023. 

Selma Dealdina, que conduziu a programação do segundo Encontro de Mulheres da CONAQ, destacou a importância da realização do Encontro para reafirmar as pautas de mulheres quilombolas. “É um momento muito importante para a gente, que marca a nossa trajetória dentro do atual cenário político de possível diálogo com a atual gestão. Que venha o próximo Encontro com a gente muito mais fortalecidas. Com mais mulheres nas coordenações, nos espaços de poder, nas prefeituras, como vereadoras e construindo política”, encerrou.

COEQTO cobra do MPF o andamento de processos que tramitam na comarca de Gurupi

Por Geíne Medrado

Imagem de capa: Lideranças quilombolas do território Claro, Prata e Ouro Fino olhando o mapa da do território com em setembro de 2022 | Foto: Maryellen Crisóstomo

Nesta quinta-feira, 20, foi realizada reunião entre a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) e o Ministério Público Federal (MPF), com o intuito de acompanhar as movimentações dos processos, que tramitam na comarca de Gurupi, referentes às questões vivenciadas por quilombolas da região sudeste, onde se concentra o maior número de comunidades que enfrentam conflitos territoriais no Estado do Tocantins.

As discussões se concentraram especialmente em torno dos processos a respeito do quilombo Baião, no município de Almas, que vive sob os impactos da mineração; Brejão, em Natividade, e Claro, Prata e Ouro Fino, em Paranã, comunidades que, atualmente, têm sofrido situações de extrema violência, com aumento de casos de incêndios e invasões de suas propriedades por parte de grileiros e latifundiários.

Sobre a situação do Baião

A comunidade Baião, antes da instalação da Mineradora Aura Almas Mineração LTDA, solicitou ao MPF de Gurupi um acompanhamento do empreendimento para que fosse respeitado os limites territoriais do quilombo e a fim de evitar possíveis impactos ambientais e sociais. Porém, o caso não recebeu a devida atenção das autoridades competentes. Agora, com mais de um ano de atividade, a empresa segue explorando a região, sem ter elaborado o devido estudo de impactos ambientais.

“Uma das preocupações sobre a situação vivenciada no Baião é em relação aos aspectos hídricos. A comunidade já sofre com a questão da falta de água. E com o avanço da mineradora, esse problema se intensifica, o que pode inviabilizar a permanência da comunidade na região”, analisou o assessor jurídico da COEQTO Cristian Ribas.

Diante do caráter de urgência da situação, em setembro de 2021, a comunidade realizou uma denúncia junto ao MPF, solicitando a intervenção do órgão no andamento da implementação da mineradora. O principal ponto defendido pelas lideranças é o direito da consulta livre, prévia e informada com amplo acesso aos estudos de impactos do empreendimento, assegurando aos próprios quilombolas apontarem o que avaliam que seja melhor para a comunidade. 

O Protocolo de Consulta Pública do Baião foi concluído em 23 de julho de 2022, sendo anexado ao processo contra a mineradora. Todavia, o juiz responsável pelo processo indeferiu o pedido de ação civil pública que obrigasse a mineradora a acolher o protocolo de consulta elaborado pela comunidade, com a justificativa de que não há fatos novos no processo.

“Porém, esses fatos novos dependem do recolhimento das licenças da mineradora junto aos órgãos ambientais, o que ainda não foi feito, visto que esses órgãos não responderam aos ofícios encaminhados pelo juiz”, explicou Cristian Ribas. Em 05 de agosto, o MPF despachou ofícios para a  Agência Nacional de Mineração, Fundação Cultural Palmares, ao INCRA e ao NATURATINS para que fornecessem, dentro do prazo de 10 dias, as informações requeridas. Entretanto, os órgãos notificados não respeitaram o prazo estabelecido. O MPF segue aguardando as respostas para que haja  andamento no processo.

Brejão

A comunidade Brejão denuncia o avanço do desmatamento, além do aumento dos casos de violência praticada por fazendeiros em seus territórios, que têm evoluído de intimidações e ameaças para morte de animais e casas incendiadas.

“Essa semana tivemos mais um caso de incêndio lá, aconteceu na casa de uma das lideranças. Temos observado que essa prática criminosa está ocorrendo com bastante frequência no Brejão e também em outras comunidades do sudeste do estado como Formiga, Carrapato, Ambrósio, Claro, Prata e Ouro Fino”, relatou Maria Aparecida de Sousa, coordenadora executiva da COEQTO.

Felizmente, o quilombo Brejão teve uma recente conquista no processo de regularização do seu território, tendo enfim recebido a certificação de reconhecimento da comunidade, emitida pela Fundação Cultural Palmares. A expectativa é que essa certificação seja incluída no processo do Brejão para contrapor às contestação dos fazendeiros em relação à “não existência” da comunidade na região.

Claro, Prata e Ouro Fino

Diante do avanço do desmatamento e embates com grileiros e latifundiários, as lideranças do quilombo Claro, Prata e Ouro Fino acionou o MPF requerendo que fosse realizada a identificação da área desmatada que adentra no território quilombola. Além disso, foi adicionado ao processo, o caso recente de incêndio que ocorreu, há três semanas, em uma casa na comunidade.

O órgão está trabalhando nas coordenadas geográficas da região para identificar a área do desmatamento.

Encaminhamentos

A COEQTO entende que a situação vivenciada pela comunidade Baião deve receber uma atenção com caráter de urgência pelas autoridades competentes, já que a mineradora está trabalhando há mais de um ano no município de Almas, o que sem o devido controle, pode ensejar danos irreversíveis à comunidade.

“Nós não temos estafe jurídico para lidar com a amplitude do problema enfrentado pelo Baião e estamos muito preocupados com a forma como o MPF tem tratado a situação, que demanda uma solução urgente. A comunidade precisa de respaldo do órgão. Nós entendemos que o MPF tem o dever de processar o pedido de consulta prévia, efetuado pelo Baião”, argumentou o assessor jurídico da COEQTO, Cristian Ribas.

Para tentar agilizar o andamento no processo do Baião, o MPF está cobrando as respostas dos órgãos ambientais notificados em 5 de agosto de 2022, para que, então, seja realizada deliberação acerca da necessidade de estudo antropológico, a fim de apurar se há, de fato impactos ambientais decorrentes da atividade minerária sobre a comunidade quilombola.

A respeito do Brejão, existe uma Ação Civil Pública em andamento, com última movimentação realizada no final de setembro pela comarca de Gurupi. Será juntado ao processo, o certificado de reconhecimento da comunidade quilombola Brejão, emitido na última semana.

Em relação ao caso de desmatamento e incêndios criminosos no Claro, Prata e Ouro Fino,  agora o processo passará a ser tramitado na comarca de Palmas. 

COEQTO denuncia ao MPE condições precárias da Escola Municipal Eveny de Paula e Souza, no território Kalunga do Mimoso

A denúncia foi protocolada na última segunda-feira, 25, e relata ao  Ministério Público Estadual o descaso de Prefeitura e o Governo do Estado com educação quilombola no município de Arraias-TO

Release

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) protocolou no dia 25/04, representação junto ao Ministério Público Estadual, Promotoria de Arraias, em que denuncia a precariedade das estruturas que sediam as escolas municipal e estadual da comunidade quilombola Kalunga do Mimoso, no município de Arraias-TO.

“A Escola Municipal Eveny da Paula e Souza atende o público 1ª e 2ª fase do ensino fundamental, correspondendo a uma média de 30 alunos e alunas, apresentando graves e inaceitáveis problemas estruturais”, aponta o relatório da denúncia encaminhado ao MPE

Segundo o que consta no documento da representação, a comunidade denuncia que a escola municipal Eveny da Paula e Souza tem uma estrutura que caracterizam como desumana: sem banheiro, ofertando apenas a conhecida ‘’casinha’’ que está em risco de desabamento, e em condições altamente precárias, baixa iluminação por falta de lâmpadas e paredes cheias de mofo. A denúncia aponta ainda a falta de materiais básicos como pinceis, livros, canetas, internet e computadores. 

“O ambiente interno das salas de aulas está em condições completamente insalubres, o mofo tem tomado conta das paredes e dos armários, ameaçando a saúde respiratória dos estudantes e professores. O teto, sem forro ou laje, apresenta goteiras e calor excessivo nos períodos de maior intensidade solar”, relata.

A COEQTO aponta que não só as condições mínimas de aprendizagem estão absolutamente comprometidas, como a própria integridade física e saúde de alunos e professores está em risca, dada a precariedade extrema. 

A entidade de representação das comunidade quilombolas, pede intervenção imediata do Ministério Público para responsabilizar a Prefeitura de Arraias e o governo do estado e caracteriza a negligência do poder público nesse caso como violação ao direito constitucional à educação, focando principalmente nas reivindicações quilombolas.

Confira aqui o documento protocolado no MPE-TO

IV Convocatória de Projetos 2021 – Fundo Casa Socioambiental

Programa “Casa Fortalecendo Comunidades”

Chamada de Projetos para Apoio às Comunidades Quilombolas no Enfrentamento dos Impactos Causados Pela Covid-19

Esta Chamada de Projetos destina-se a apoiar organizações, grupos e coletivos de pessoas negras e quilombolas para que possam implementar iniciativas que contribuam com a recuperação e sustentabilidade econômica, a promoção da soberania e segurança alimentar, com o fortalecimento da resiliência comunitária e a defesa dos direitos nas comunidades.

1. Introdução

A pandemia de COVID-19, que vem assolando a humanidade desde o início de 2020, tem provocado impactos negativos nas sociedades e povos do mundo todo. As consequências do isolamento social e a paralisação da economia tem sido responsáveis por impactos sociais e econômicos, afetando o trabalho, a renda, a cultura, entre outros setores. 

No Brasil, a pandemia agravou um quadro de insegurança socioeconômica já bastante comprometido pelo contexto político dos últimos anos, marcados por nítidos retrocessos nas políticas públicas voltadas aos trabalhadores e às minorias,. As questões fundiárias, a insegurança alimentar e a violência se destacam como os maiores problemas enfrentados pelas populações mais pobres, periféricas, negras e as populações tradicionais (no campo e na cidade).

Desta forma, esta Chamada de Projetos tem como objetivo apoiar os grupos e comunidades para que possam implementar soluções locais para o enfrentamento da pandemia, através de iniciativas que promovam a segurança e a soberania alimentar das comunidades ou que sejam capazes de garantir sua recuperação e sustentabilidade econômica, tendo como tema e eixo transversais a defesa de seus direitos.

2. Aliança entre Fundos – Iniciativa inédita e inovadora

Esta Chamada de Projetos integra a Aliança entre Fundos, surgida a partir da mobilização comunitária pela justiça racial, social e ambiental, como forma de apoiar os grupos que seguem enfrentando os maiores desafios relacionados à pandemia. Por isso, tem como objetivo também contribuir para aumentar sua resiliência frente a tais impactos, propondo um novo modo de atuação no ecossistema da filantropia no Brasil, a chamada filantropia colaborativa para a justiça social.

Composta pelo Fundo Baobá para Equidade RacialFundo Brasil de Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental, a Aliança entre Fundos tem como meta promover maior aporte de recursos diretos para os povos indígenas, comunidades quilombolas e outros povos tradicionais mais vulnerabilizados pela pandemia da covid-19.

Todos os Fundos que integram a Aliança realizarão seus próprios editais, cabendo a cada um deles a disponibilização das informações pertinentes ao processo. Consulte o site de cada Fundo para saber mais sobre seus editais.

3.  Fundo Casa – Fortalecendo comunidades no enfrentamento dos impactos causados pela covid-19

Desde 2020, o Fundo Casa tem apoiado as comunidades locais e tradicionais para que ampliem suas possibilidades de fortalecer a resiliência no enfrentamento da covid-19.

No primeiro momento, foram ações emergenciais e apoios humanitários. Entretanto, com a falta de controle da pandemia e dada a perspectiva de que seus impactos deverão permanecer por um período ainda indeterminado, o Fundo Casa iniciou, em 2021, ações que visam contribuir com a resiliência dos grupos a médio prazo. 

Na I Convocatória de Projetos em apoio aos grupos de base no enfrentamento à covid, em 2021, recebemos mais de 500 propostas, um demonstrativo da enorme demanda de grupos que seguem sem apoios para dar conta de enfrentar esse momento ímpar da nossa história recente. Das propostas recebidas, 97 são oriundas de comunidades quilombolas. 

Com o objetivo de prosseguir na estratégia de apoiar os territórios e povos mais vulneráveis aos impactos da covid, o Fundo Casa definiu como foco prioritário desta chamada as comunidades quilombolas localizadas nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil.

O Fundo Casa irá apoiar ações para estimular, construir e/ou desenvolver a resiliência dos grupos, tendo como eixos transversais as ações de fortalecimento das organizações que atuam na defesa de direitos, dando a elas a oportunidade de enfrentar os impactos causados pela pandemia e seguir desenvolvendo os trabalhos em seus próprios territórios. Isso se dará através dos seguintes recortes específicos:

A recuperação da renda dos grupos que atuam com economia solidária e negócios coletivos que contribuam com sua sustentabilidade econômica e, ao mesmo tempo, fomentem estratégias de resiliência comunitária e uso de novas tecnologias;

Ações e metodologias para o fortalecimento da soberania alimentar dos grupos e comunidades.

4. Chamada de Projetos

A – Territórios de abrangência – todos os Estados das Regiões Norte e Nordeste do Brasil.

B – Públicos Prioritários – Comunidades e Grupos Quilombolas impactados pela covid (na cidade/campo e florestas).

C – Valor – O valor disponível para a Chamada é de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e serão apoiados até 33 projetos de até R$ 30.000,00 (trinta mil reais) cada.

D – Critérios e Elegibilidade

Organizações sem fins lucrativos;

Associações locais e Grupos de Comunidades tradicionais quilombolas, com orçamento anual de até R$ 150.000,00;

Organizações e redes quilombolas trabalhando em colaboração para enfrentar os impactos socioeconômicos e ambientais do coronavírus em comunidades e grupos vulneráveis.

Organizações que não possuam CNPJ também são elegíveis e podem enviar projetos nesta Chamada. Veja as orientações sobre organização parceira no Aplicativo ou Formulário de Inscrição.

E – Critérios de Prioridade

Serão selecionados, prioritariamente, projetos de organizações que não tenham outros projetos em execução com o Fundo Casa;

Será levado em consideração o grau de vulnerabilidade dos territórios frente à covid;

Organizações estratégicas nos territórios;

Cada organização poderá apresentar somente um projeto; elegendo apenas uma das linhas temáticas oferecidas;

Gênero – projetos que contemplem a efetiva participação das mulheres, tanto na execução das atividades como na composição em cargos de tomadas de decisão nas organizações, e ainda em ações de saúde e autocuidado para este público específico, além de ações que combatam a violência contra as mulheres; 

Em função da pandemia, projetos que contenham oficinas, encontros, ações de campo e atividades que prevejam aglomerações em locais fechados precisam apresentar protocolos de medidas de prevenção à covid (como compra de equipamentos, treinamentos, etc.), considerando todas as atividades propostas, a fim de garantir a segurança de todas as pessoas envolvidas. (Veja o Anexo 3– Sugestão de Protocolos de Prevenção).

F – Linhas temáticas prioritárias – Confira, abaixo, as linhas temáticas e uma lista com sugestões de ações como referência de apoio:

LINHA 1 – Fortalecer ações para a soberania e segurança alimentar dos grupos de base, tais como tradições culturais na produção de alimentos, projetos com valores agroecológicos e solidários e também aqueles com sistemas agroflorestais, com atenção a:

Reforçar as tradições culturais na produção de alimentos em geral das comunidades;

Fortalecer projetos que se baseiam nos valores agroecológicos, solidários e autonomia;

Soberania alimentar e políticas públicas: garantir o direito básico à alimentação;

Agricultura de subsistência no campo e na cidade;

Outros eixos e tecnologias sociais que atendam ao objetivo da Linha 1.

LINHA 2 – Possibilitar a recuperação do impacto socioeconômico:

Geração de trabalho e renda em atividades locais sustentáveis;

Soluções colaborativas para a economia local;

Soluções criativas para o empreendedorismo local e solidário;

Garantia de renda: fortalecimento socioeconômico através da produção de alimentos;

Iniciativas de comunicação comunitária e uso de tecnologias com envolvimento de jovens;

Novos arranjos de produtores e consumidores no âmbito da soberania alimentar e de geração de renda, bem como a conexão campo-cidade;

Outros eixos e tecnologias sociais que atendam ao objetivo da Linha 2.

G – Período de Recebimento das Propostas – de 09/09/2021 a 09/10/2021.

H – Divulgação das Propostas Selecionadas – Até 10/12, no site do Fundo Casa. Os selecionados serão comunicados por e-mail.

I – Período de Implementação do Projeto das Propostas Aprovadas – De janeiro a dezembro de 2022.

J – Oficinas de Fortalecimento de Capacidades – Todos os grupos selecionados deverão participar das Oficinas de Fortalecimento de Capacidades (virtual, pela plataforma Zoom) em datas que serão previamente informadas pelo Fundo Casa;

K – Intercâmbios e troca de experiências – As organizações, grupos e coletivos selecionados deverão participar de, no mínimo, 70% (setenta por cento) das atividades de trocas de experiências e aprendizados com donatários selecionados pelo Fundo Casa Socioambiental, Fundo Baobá e Fundo Brasil de Direitos Humanos, no âmbito da iniciativa conjunta Aliança entre Fundos.

L – Documentação necessária da organização que deve ser enviada juntamente com o projeto:

  • Última ata de eleição vigente da organização;
  • Estatuto da organização;
  • CNPJ;
  • Certidão Negativa de Débitos do FGTS;
  • Certidão Negativa de Débitos da Receita Federal;
  • Cópia do Extrato Bancário.

M – Impostos e outros

Organizações, grupos e coletivos selecionados são responsáveis pelo pagamento de todos os tributos obrigatórios – quer seja ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos) e/ou outros impostos obrigatórios.

N – Como enviar sua proposta

O Fundo Casa desenvolveu um Aplicativo (disponível apenas para Windows) com intuito de facilitar o processo de inscrição dos projetos. Utilize o Aplicativo para enviar seu projeto: ele é mais rápido e ajuda a evitar equívocos. Baixe, instale, construa seu projeto nele e envie apenas quando estiver finalizado

Utilize o Manual do Aplicativo (Anexo 4) para tirar todas as suas dúvidas e siga os passos indicados para concluir a inscrição do projeto.

Clique aqui para baixar o Aplicativo

Caso não seja possível utilizar o Aplicativo, o projeto também pode ser inscrito por meio do Formulário de Inscrição (Word). Após finalizar seu projeto, envie o formulário (Anexo 1 e Anexo 2),  para : quilombola@casa.org.br

Se ainda houver dúvidas, envie e-mail para quilombola@casa.org.br

Anexos da Chamada – Clique para baixar os arquivos

Anexo 1 – Formulário de Inscrição Word

Anexo 2 – Planilha Orçamentária

Anexo 3 – Sugestão de Protocolos de Prevenção à covid

Anexo 4 – Manual do Aplicativo de envio de Projetos

Dúvidas frequentes

1) O que é Organização Parceira? 
Organização Parceira é a instituição SEM FINS LUCRATIVOS que cede sua estrutura legal para os grupos e movimentos não formalizados, aqueles que não possuem personalidade jurídica. O projeto e as informações da proposta devem ser em nome do grupo proponente. A Organização Parceira enviará os documentos para contratação do projeto, assim como será responsável pelo recebimento do recurso (em conta bancária institucional) e prestação de contas. Dessa maneira, o item do formulário “Organização Parceira” só deve ser preenchido nos casos em que a organização proponente não possua CNPJ.

2) Somos a organização proponente, temos CNPJ, mas está desregularizada. Podemos enviar proposta para esta Chamada, com organização parceira?
Sim, sugerimos que encontre uma organização parceira pra o projeto e cogite a regularização institucional, usando até 10% do valor total do orçamento do projeto para a regularização. Também recomendamos sempre verificar a situação da conta bancária, que deverá estar ativa/regular.

3) Envio de documentos – Os documentos enviados podem ser apenas cópias digitais?
Sim, os documentos solicitados devem ser cópias digitais, tanto para inscrições via aplicativo quanto para inscrições via formulário.

4) Organizações com projetos em execução no Fundo Casa podem encaminhar propostas para esta chamada? 
Preferencialmente, não. Serão selecionados, prioritariamente, projetos de organizações que não tenham projetos em execução com o Fundo Casa.

5) É preciso uma conta bancária Jurídica para receber o recurso? 
Sim, é necessária uma conta bancária pessoa jurídica para receber os recursos do projeto. A conta bancária deve ser no nome da organização com o CNPJ que irá receber a doação. Contas pessoais não serão aceitas. Se a organização não tem personalidade jurídica, as informações bancárias apresentadas podem ser as da Organização Parceira (a organização que receberá os recursos).

6) Se a organização proponente possui CNPJ pode indicar uma organização parceira para receber o recurso? 
Não, organização que possui CNPJ deverá indicar uma conta institucional própria.

7) Grupo está regularizando a documentação. Pode enviar depois da seleção?
Se o grupo for indicado para apoio deverá enviar todos os documentos solicitados para poder receber o apoio.

8) Poderá participar dessa chamada o grupo que tem pendências em prestação de contas com o Fundo Casa?
Grupos com pendência em prestação de contas não serão aceitos nesta Chamada.

9) Uma mesma Organização Parceira poderá ser parceira de até quantas organizações proponentes?
Poderá ser parceira de até duas proponentes.

10) Na planilha orçamentária quais despesas serão custeadas, existe algum modelo?
A seleção dos tipos de despesas é feita pela organização proponente, devendo estar alinhada com os critérios da Linha Temática que o grupo escolher atuar. É parte da coerência na apresentação da proposta a relação entre objetivos específicos / atividades / custos.

11) Uma organização com CNPJ próprio, que inscreve um projeto poderá servir de Organização Parceira para outro grupo sem CNPJ?
Sim. Uma mesma organização poderá ser proponente de um (1) projeto próprio e Parceira para até um (1) outro grupo sem Pessoa Jurídica.

Fundo Baobá investe R$ 1.050 milhão em iniciativas quilombolas

Aporte será dado a 35 organizações pelo edital Quilombolas em Defesa: Vidas, Direitos e Justiça, parceria entre o Fundo Baobá e a Conaq

O Fundo Baobá para Equidade Racial em parceria com a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) lançam o edital Quilombolas em Defesa: Vidas, Direitos e Justiça. O objetivo do  edital é apoiar iniciativas de organizações quilombolas para promover a sustentabilidade econômica nas comunidades, a geração de renda, promover a soberania e a segurança alimentar, além de defender os direitos quilombolas nas comunidades. 

Fundo Baobá, Fundo Brasil de Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental que, juntos, constituem a Aliança entre Fundos, atuam em prol da justiça racial, justiça social e justiça ambiental. As ações da Aliança são financiadas pela Fundação Interamericana (IAF).  Os três, com editais independentes, pretendem contribuir na redução dos impactos que as crises sanitária e econômica vêm ocasionando nos povos indígenas, comunidades quilombolas e outros povos tradicionais mais vulnerabilizados pela pandemia da COVID-19.

De acordo com a Conaq e o IBGE,  o Brasil conta com cerca de 6 mil comunidades quilombolas. Dessas, apenas 2.819 já foram certificadas, estando 1.727 localizadas no Nordeste, 450 no Sudeste, 300 no Norte, 191 no Sul e 151 no Centro-Oeste.. Mais de 70% das comunidades quilombolas certificadas, que têm direito à terra coletiva, estão em quatro estados: Maranhão, Minas Gerais, Bahia e Pará.   Segundo a Fundação Cultural Palmares, responsável pela emissão das certidões para as comunidades quilombolas e inclusão das mesmas em um cadastro geral, 3.475 comunidades quilombolas foram reconhecidas, porém ainda aguardam certificação (2196 no Nordeste, 547 no Sudeste, 369 no Norte, 193 no Sul e 169 no Centro-Oeste). Os quilombolas têm, em sua maioria, a agricultura e a pecuária como principais atividades econômicas. A preservação de sua cultura vem da oralidade ancestral e da resistência que têm exercido ao longo de suas existências. 

“Para nós do Fundo Baobá este edital é um marco. Estamos celebrando 10 anos e será a primeira vez que teremos um edital exclusivo para quilombolas. O edital foi todo desenhado em parceria com a Conaq e se apresenta como uma grande oportunidade para fortalecer as estratégias de ativismo, resistência e resiliência das comunidades quilombolas no contexto da pandemia da covid-19.  Sabemos que as organizações de base comunitária nem sempre conseguem acessar recursos, em especial organizações comunitárias lideradas e constituídas por povos tradicionais, por isso o edital também é uma oportunidade para contribuir no aprimoramento da filantropia para justiça social”, afirmou a diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes.  

Entidades e valor do apoio

Apenas organizações  lideradas e constituídas por quilombolas poderão se inscrever.  Essa é a principal premissa do edital. Os recursos financeiros e o apoio técnico irão para a base comunitária.  Serão apoiadas  até 35 (trinta e cinco) iniciativas. Para cada uma caberá um montante de  R$ 30.000 (trinta mil reais), perfazendo R$ 1.050.000 (Um milhão e cinquenta mil reais). As organizações selecionadas também irão receber investimentos indiretos por meio de assessoria e apoio técnico visando seu fortalecimento institucional. O edital completo poderá ser lido neste link.

Inscrições

As inscrições para o edital Quilombolas em Defesa: Vidas, Direitos e Justiça começam no dia 23 de setembro e vão até as 23h59 do dia 25 de outubro (horário de Brasília).  As demais fases do processo seletivo estão descritas no edital. 

Para se inscrever basta acessar o site oficial do edital.

Eixos Temáticos

Cada organização deve apresentar apenas uma proposta que verse sobre um dos eixos temáticos propostos: 

  1. Recuperação e sustentabilidade econômica nas comunidades quilombolas; 
  2. Promoção da soberania e segurança alimentar nas comunidades quilombolas; 
  3. Resiliência comunitária e defesa dos direitos quilombolas. 

Sobre o Fundo Baobá:

Criado em 2011, o Fundo Baobá para Equidade Racial é o primeiro e único fundo dedicado, exclusivamente, para a promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. Orientado pelos princípios de ética, transparência e gestão, mobiliza recursos financeiros e humanos, dentro e fora do país, e investe em iniciativas da sociedade civil negra para o enfrentamento ao racismo e promoção da justiça social. 

Sobre a Conaq:

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) foi criada em 1996 após o I Encontro Nacional de Quilombos. É  uma organização de âmbito nacional, sem fins lucrativos, com objetivo de representar e defender os direitos dos seis mil quilombos nos 26 estados da federação. A pauta principal da CONAQ é a defesa dos territórios, da cultura e do modo de vida quilombola frente a quaisquer fatos ou atividades que venham provocar desequilíbrios. As ameaças e violações dos direitos sociais, econômicos, culturais e ambientais têm colocado em risco a sobrevivência dos quilombos e resultado na morte de suas lideranças. 

Sobre a Aliança Entre Fundos:

Criada em 2021, a partir da mobilização comunitária pela justiça racial, social e ambiental, a Aliança Entre Fundos propõe um novo modo de atuação no ecossistema da filantropia no Brasil, a filantropia colaborativa para a justiça social. Composta pelo Fundo Baobá para Equidade Racial, Fundo Brasil de Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental, a Aliança entre Fundos tem como meta promover maior aporte de recursos diretos para os povos indígenas, comunidades quilombolas e outros povos tradicionais mais vulnerabilizados pela pandemia da COVID-19.