INCRA-TO entrega titulação territorial aos Quilombolas da Ilha de São Vicente, em Araguatins (TO), em cerimônia emocionante

Ilha de São Vicente é o primeiro território quilombola titulado no Tocantins. Além da COEQTO e INCRA, a Polícia Federal e outros órgãos do Governo Federal estiveram presentes na solenidade.

Quilombolas do Quilombo Ilha de São Vicente, em Araguatins, na região do Bico do Papagaio, receberam neste sábado (25), a titulação do território em uma cerimônia dentro da comunidade. A entrega emocionante foi dedicada aos ancestrais do quilombo, que morreram lutando e sonhando com a regularização. A comunidade é o primeiro território quilombola titulado no Estado do Tocantins. 

O  Título de Concessão de Direito de Uso sobre a Terra, que foi entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 20 de novembro no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), agora chega ao quilombo. O documento, que informa que a comunidade quilombola é a única responsável legal pelo território, foi entregue por Edmundo Rodrigues Costa, superintendente do INCRA-Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Tocantins nas mãos das famílias.

Foto: Arquivo da Comunidade

Simbolizando a luta passada por gerações, as crianças deram o título nas mãos dos anciãos. O título conjunto em nome da Associação da Comunidade dá direito ao uso da terra e não permite que o território seja vendido, continuando a lógica ancestral, de que o espaço seja ocupado por diferentes gerações.

A emoção das famílias contagiou a todos e todas que estavam presentes.

“Esse momento finalmente chegou. Choramos de alegria, de alívio. Já passamos por momentos muito tristes e de muita luta e desespero nesse território. Nossos ancestrais foram os primeiros habitantes e já vimos até Salvador Barros ser despejado e outros quilombolas terem suas casas queimadas dentro do território sagrado. Essa é parte de uma reparação histórica. Estamos aqui desde 1888 e agora temos nas mãos a titulação. Agradecemos primeiramente a Deus e aos órgãos que acompanharam o processo. Fátima Barros, presente. Salvador Barros, presente!”, disse uma liderança.

Edmundo Rodrigues Costa, Superintendente do Incra no Tocantins, destacou a importância da conquista da titulação do Território e informou que o próximo passo é realizar ação de reintegração de posse para a retirada de pessoas não quilombolas do Território, bem como garantir a segurança da comunidade.

“A nossa preocupação agora é garantir a segurança das famílias que estão constantemente sendo ameaçadas. O título é uma parte do processo. Para avançarmos nas políticas públicas, o processo finaliza com a área sendo retomada pelo INCRA para que as famílias possam trabalhar e viver com tranquilidade e dignidade”, pontuou Edmundo.

Foto: Manoel Júnior/Sepot – Governo do Tocantins

O assessor jurídico da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO), o advogado Cristian Ribas, acompanhou a cerimônia.

Também estiveram presentes policiais da Polícia Federal, Diego Montelo superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Tocantins (MDA); Cláudia Maria Dadico – ouvidora Agrária do MDA Nacional; Edy César – superintendente da SPU Tocantins;   Carlos César D’Elia – coordenador geral do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários do MDA; Maíra Coraci – diretora da Câmara de Conciliação Agrária do INCRA Nacional; Geraldino Gustavo de Queiroz Teixeira – conciliador Agrário Regional do INCRA Tocantins;  e Willian Clementino – chefe da Unidade Avançada do INCRA em Araguatins (TO) e Hermógenes Alves Lima Sales e Manoel Júnior, representando a Secretaria de Povos e Comunidades Tradicionais do Tocantins.

Na oportunidade, também foi feita reunião com a comunidade para discutir procedimentos após a titulação do Território, bem como estratégias de proteção às famílias que estão mais expostas à violência, devido ao agravamento de conflito com invasores.

A comunidade falou sobre as preocupações e insegurança e entregou aos representantes de cada órgão um pedido formal de proteção. Cristian Ribas, advogado e assessor jurídico da COEQTO, reforçou que um grande passo foi dado, mas agora a comunidade precisa viver em segurança e que o Estado Brasileiro tem o dever de proteger cada quilombola dentro do seu território.

O MDA fez vistoria e registrou grandes áreas desmatadas ilegalmente dentro do território. Um dos espaços visitados foi o local onde ficava a árvore centenária que era protegida pela comunidade quilombola. A árvore da espécie Estopeito foi derrubada em fevereiro deste ano por invasores e transformado em madeira.

A juíza aposentada Claudia Maria Dadico, fez escuta e ouviu quilombolas que passaram por situações de ameaças. A equipe que realiza mediação e conciliação de conflitos agrários também teve acesso a prints que fazem parte de uma campanha de difamação contra a comunidade quilombola. Os ataques virtuais de cunho racista se intensificaram depois da notícia da titulação do território quilombola.

A comunidade quilombola Ilha de São Vicente, cercada pelo Rio Araguaia, na Região do Bico do Papagaio, surgiu em 1888 e possui mais de 70 famílias descendentes de escravizados. Lideranças como Salvador Barros e Fátima Barros, que já faleceram, estiveram à frente da luta pela titulação do território.

Foto: Arquivo da Comunidade
Foto: Manoel Júnior/Sepot – Governo do Tocantins

Quilombo Ilha de São Vicente, em Araguatins, é o primeiro território quilombola titulado no TO

Quilombo se formou em 1888, junto com a abolição da escravatura. Comunidade que aguardava a titulação se preocupa com conflitos por causa do território.

O território quilombola Ilha de São Vicente, em Araguatins (TO), recebeu, nesta segunda-feira (20), o Título de Concessão de Direito de Uso sobre a Terra. O documento foi entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao quilombola Cantídio Barros Filho, representante da Associação da Comunidade Quilombola localizada no Rio Araguaia. O documento significa que a comunidade quilombola é a única responsável legal pelo território.

O título conjunto em nome da Associação da Comunidade, dá direito ao uso da terra e não permite que o território seja vendido, continuando a lógica ancestral, de que o espaço seja ocupado por diferentes gerações. É um título gratuito e com força de escritura pública. As famílias ganham segurança jurídica para desenvolver atividades produtivas, evitando que os lotes sejam objeto de negociatas e da especulação imobiliária, como vinha ocorrendo.

A comunidade quilombola Ilha de São Vicente e a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) reconhecem que esse é um avanço, mas ainda entendem que o Estado Brasileiro precisa garantir os direitos dessas famílias. A entrega do título não resolve os problemas que a comunidade enfrenta, como a falta de água potável, de acesso à saúde e educação dentro do território.

No Tocantins, dos 48 territórios Quilombolas apenas 06 possuem avanço no processo de titulação de seus territórios, tendo portaria de reconhecimento publicada pela União, são eles: Ilha de São Vicente; Kalunga do Mimoso; Lageado; Barra do Aroeira; Cocalinho e Grotão. As demais comunidades possuem apenas a certificação pela Fundação Cultural Palmares e aguardam início do processo de titulação pelo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

A comunidade continua sofrendo com as invasões e os conflitos contra o quilombo Ilha de São Vicente existem por causa do território. Atualmente as famílias quilombolas, que já tinham a posse do território, são intimidadas por pessoas não quilombolas que ocupam o território de forma ilegal. Por causa das intimidações e da sensação de insegurança, as lideranças temem situações violentas.

Os grupos que moram no território quilombola ilegalmente, contestam a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) sobre a destinação das terras à comunidade quilombola da Ilha  de São Vicente, mesmo já tendo sido comprovado judicialmente que a posse pertence às famílias quilombolas.

Diante da situação de insegurança, a COEQTO discute, junto às autoridades, medidas de proteção para as famílias da comunidade.

A história do quilombo

Comunidade Ilha de São Vicente fica em Araguatins – Foto: Letícia Queiroz

A comunidade quilombola Ilha de São Vicente, cercada pelo Rio Araguaia, fica na região do Bico do Papagaio e possui mais de 70 famílias descendentes de escravizados. A comunidade enfrenta a negação de seus direitos desde a época do surgimento do quilombo, em 1888.

Desde sua  fundação, a comunidade sempre sofreu com ataques por conta de conflitos pela terra e foi defendida pelos descendentes quilombolas, como Salvador Barros e Fátima Barros que já faleceram. Os dois foram importantes lideranças e sonhavam viver tranquilos dentro do território titulado.

Fátima Barros foi uma liderança nacional importante na luta por território – Foto: Letícia Queiroz
Salvador Batista Barros foi patriarca e liderança da comunidade quilombola Ilha de São Vicente. Foto: Herbert Levy

A comunidade Quilombola Ilha de São Vicente surgiu em 1888, época que coincide com a assinatura da Lei Áurea. Seus primeiros habitantes foram oito negros, comprados em Carolina, no Maranhão, trazidos da África para o trabalho escravo no Brasil. Na época, após a abolição da escravatura, eles receberam a terra como uma doação e começaram a povoar o território. Os ex-escravizados constituíram a família Barros, que também perpassa pelos ancestrais indígenas (os Araras e os Curi Araras) e a família Noronha. 

Em 2019 a comunidade recebeu, da Justiça, a posse do território, e em 2020 a comunidade foi reconhecida como quilombo pelo Governo Federal. Na época, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) publicou a portaria  Nº 1.080, que “declara como terras da Comunidade Remanescente”.  (Entenda abaixo a linha cronológica) 

Imagem: canva/ edição: Geíne Medrado

Em 2019, a Justiça Federal julgou uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, garantindo à comunidade quilombola Ilha de São Vicente o direito à posse da terra.

COEQTO participa de reunião com a DPE-TO e nova coordenação do Núcleo DPagra 

Nesta sexta-feira,10, a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) prestigiou a cerimônia de posse da nova Coordenadora  do Núcleo da Defensoria Pública Agrária (DPagra), a Defensora Pública Kênia Martins. Em seguida, a COEQTO participou de reunião com a coordenadora  do DPagra, na qual apresentou as demandas das comunidades quilombolas junto ao Núcleo e se disponibilizou a construir coletivamente agendas de atendimento da Defensoria aos quilombos em 2024.

Durante a reunião com a COEQTO, a defensora pública Kênia Martins se colocou à disposição para construção coletiva do planejamento de atividades de atendimento do núcleo junto aos quilombos e reforçou a importância da parceria com a  COEQTO no atendimento às demandas prioritárias das comunidades. 

Na última quarta-feira, 08, a COEQTO também se reuniu com a Gestão Superior da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), na figura do 1º subdefensor público-geral, Pedro Alexandre Conceição Aires Gonçalves,  para avaliação dos atendimentos da Defensoria junto às comunidades quilombolas. 

Na oportunidade, a COEQTO reforçou a importância da Defensoria Pública para que os Direitos das comunidades sejam garantidos, em especial, por meio dos canais diretos de atendimento às comunidades como os programas Defensoria Itinerante e Defensoria Quilombola e dos núcleos especializados como o DPagra e o Núcleo Especializado de Questões Étnicas e Combate ao Racismo (Nucora). 

“A participação da COEQTO é fundamental para a construção da política pública de acesso à justiça das comunidades tradicionais. Então a participação efetiva, de qualidade, elencando prioridades por parte da COEQTO influencia diretamente nas  escolhas feitas pela Defensoria e é nesse sentido que a gente vai continuar trabalhando, com o objetivo de aprimorar a atuação da Defensoria Junto às Comunidades Tradicionais Quilombolas do Estado”, destacou o 1º subdefensor público-geral, Pedro Alexandre. 

Coordenadoras da COEQTO Maryellen Crisóstomo e Maria Aparecida Ribeiro de Sousa ao lado do 1º subdefensor público-geral da DPE-TO, Pedro Alexandre

Em reunião, COEQTO discute estratégias de proteção ao Quilombo Rio Preto

Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) e Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) participaram da reunião para pensar na proteção das famílias ameaçadas

Por Geíne Medrado

Após emitir nota de repúdio e denunciar os contínuos ataques de violência e violações aos Direitos Humanos praticados contra a comunidade Quilombola Rio Preto, a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) se reuniu com a Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) e Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) para discutir estratégias de contenção de violência contra a comunidade Quilombola Rio Preto. A reunião aconteceu nesta terça-feira,07, na sede da DPU, em Palmas-TO.

O quilombo Rio Preto, localizado no município de Lagoa do Tocantins-TO, vive dias de terror com incêndios criminosos em residências e nos arredores das moradias, tratoramento de estradas e plantações, disparos com armas de fogo, intimidações verbais e ameaças de violências físicas. A situação de insegurança foi intensificada a partir do dia 08 de setembro de 2023 quando a decisão judicial pela expropriação foi revogada em favor dos quilombolas. Desde então a comunidade encontra-se com seu direito de ir e vir limitado.

No último dia 01 de novembro a comunidade identificou placas de proibição de circulação espalhadas pelo território, no Lote 173 que também se encontra arrendado para manejo de gado e uma roça de mandioca foi destruída por ação do gado que circula pelo território.

“A minha comunidade está há mais de 5 meses sem conseguir dormir em suas casas. Incendiaram 3 casas. Os autores estão indo lá e continuam nos intimidando”, relatou Rita Lopes, presidente da Associação da Comunidade Quilombola Rio Preto sobre a situação de medo, insegurança e violência vivida pelas famílias.

Durante reunião com os três órgãos, a COEQTO reforçou que a situação de Rio de Preto já é de conhecimento das autoridades competentes, porém a comunidade continua sofrendo ataques. A Coordenação pediu a proteção às lideranças quilombolas que são vítimas de ameaças por estarem à frente da luta pelos direitos e regularização dos Territórios. 

Representantes dos órgãos falaram sobre a importância de manter as famílias em segurança.

Na imagem, da esquerda para a direita, André Brandão (Assessor jurídico DPU), Igor Barbosa (defensor público-chefe da DPU no Tocantins) e Pedro Alexandre (Sub-defensor Geral na DPE-TO) – Foto: Geíne Medrado (Ascom COEQTO)

“A Defensoria Pública da União tem uma preocupação muito grande com a situação das comunidades quilombolas, em especial, da Comunidade Rio Preto. Estamos colocando o órgão à disposição das lideranças para que toda e qualquer medida judicial e extrajudicial seja tomada para que as comunidades sejam protegidas e para que os Direitos sejam devidamente reservados.”, disse Igor Barbosa, defensor público-chefe da DPU no Tocantins.

Como encaminhamento da reunião, ficou acordado que será agendada, posteriormente, uma audiência pública na comunidade Quilombola Rio Preto, com presença da DPU, DPE e demais autoridades do Estado, com o objetivo de ouvir as lideranças de Rio Preto e traçar estratégias de atuação conjunta para garantir a segurança da comunidade.

Participantes

Participaram da reunião Maria Aparecida Ribeiro de Sousa (coordenadora executiva da COEQTO); Brenda Allem (da equipe de assessoria jurídica da COEQTO); Rita Lopes (presidente da Associação da Comunidade Quilombola Rio Preto); Paulo Rogério Gonçalves (representante da ONG Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins-APA-TO); Igor Barbosa (defensor público-chefe da DPU no Tocantins); André Brandão (Assessor jurídico DPU); Pedro Alexandre (Sub-defensor Geral na DPE-TO); Ana Cláudia Matos (Diretora do Departamento de Proteção aos Quilombolas na Sepot); Hermógenes Alves (assessor jurídico da Sepot), Jarlene Santana (Assessora técnica no Departamento de Proteção aos Quilombolas-Sepot).

NOTA DE REPÚDIO: Quilombo Rio Preto sob ataque

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) vem a público repudiar e denunciar os contínuos atos de violações de Direitos Humanos contra o território Quilombola Rio Preto, localizado em Lagoa do Tocantins-TO.

No último dia 01 de novembro a comunidade identificou placas de proibição de circulação espalhadas pelo território, no Lote 173 que também se encontra arrendado para manejo de gado, situação que a comunidade tomou conhecimento em 08 de outubro e desde então tem sido acometida por prejuízos e uma roça de mandioca foi destruída por ação do gado que circula pelo território.

No Tocantins é prática comum de grandes fazendeiros demandar áreas quilombolas para fins de “preservação ambiental”, conforme temos visto nas sobreposições do Cadastro Ambiental Rural (CAR), fator que impede com que as famílias quilombolas adquiram o CAR Coletivo.

Rio Preto vive dias de terror intensificados a partir do dia 08 de setembro de 2023 quando a decisão judicial pela expropriação foi revogada em favor dos quilombolas. Desde então a comunidade encontra-se sitiada. No final de semana de 23 e 24 de setembro a comunidade foi surpreendida com disparos de arma de fogo nas proximidades da residências e um houve a tentativa de incendiar uma moradia, o fogo foi interrompido pelos comunitários.

As violências não param. A situação de Rio de Preto já foi denunciada ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em Brasília no dia 02/10/2023 e na ocasião o Governador do Tocantins, parlamentares e primeiro escalão do Governo estavam presentes e tiveram conhecimento da situação.

Reunião foi realizada na sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública – Foto Jamile Ferraris – MJSP

NADA FOI FEITO.

A COEQTO EXIGE que as autoridades competentes façam cumprir a decisão judicial que determinou que aos autores em ambos os autos, ABSTENHAM-SE da prática de qualquer ato de esbulho possessório em face dos réus, seja diretamente ou por intermédio de seus representantes, sob pena de incorrerem em multa diária, no importe de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia, limitada a 100 dias, a serem revertidos aos réus, sem prejuízo de apuração criminal de suas condutas.

Chega de violência e negligência contra os territórios quilombolas!


Palmas, 06 de novembro de 2023.

Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins

COEQTO

Quilombos denunciam impactos da mineração no Sudeste do Tocantins e descumprimento da Convenção 169 da OIT ao Governo Federal

Denúncia foi feita ao INCRA, MDA e Secretaria Geral da Presidência da República durante missão no quilombo Baião, em Almas-TO; mais cinco territórios estiveram presentes

Por Geíne Medrado

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) realizou seminário sobre os impactos da mineração em territórios quilombolas da Região Sudeste do Tocantins, com presença do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e Secretaria de Diálogos Sociais da Secretaria-Geral da Presidência da República. A atividade aconteceu na última terça-feira, 31, no território quilombola Baião, localizado no município de Almas-TO.

O evento contou com a participação de outros cinco territórios quilombolas: São Joaquim e Laginha (Porto Alegre do Tocantins), Lajeado (Dianópolis-TO), Poço Dantas (Almas-TO) e a Visão de Águia (Chapada da Natividade-TO). O seminário teve como objetivo apresentar denúncias de violação de direitos dos territórios quilombolas ao Governo Federal pautando a grave situação que as comunidades estão enfrentando em virtude das atividades de exploração minerária por empreendimentos instalados em área próxima às comunidades.

Uma das preocupações relatadas pelas comunidades é ausência de consulta e falta de transparência no processo de instalação do empreendimento. As comunidades já percebem danos na fauna e flora que já sofrem impactos do agronegócio, agora enfrenta os impactos do empreendimento minerário.

 A COEQTO já denunciou a situação a vários órgãos desde setembro de 2021, quando acionou o Ministério Público Federal e posteriormente a Defensoria Pública Estadual, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e até no Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos na América do Sul e Caribe (ACNUDH). A falta de consulta desrespeita a Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que garante o direito à consulta livre, prévia e informada aos povos originários e tradicionais.

Outro quilombo que enfrenta impactos das atividades de mineração é o território quilombola Visão de Águia em Chapada de Natividade. A planta de mineração à céu aberto fica ao lado e no subsolo das ruas e casas da cidade. Durante o seminário, representante da comunidade relatou danos visíveis com a operação da mineradora como rachadura nas casas, nuvens de poeira e desmoronamento de estrutura de uma igreja histórica da comunidade, que fica próxima a cerca do empreendimento.

Representantes do INCRA, MDA e Secretaria Geral da Presidência da República ouviram os relatos das lideranças quilombolas e fizeram repasses. Foto: Geíne Medrado (Ascom COEQTO)

Durante o seminário, a COEQTO denunciou ainda a morosidade dos processos de regularização territorial dos quilombos no Estado do Tocantins e pediu agilidade na conclusão dos estudos antropológicos das comunidades impactadas pela mineração, que ainda não tiveram o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) realizado pelo INCRA.

As autoridades do Governo Federal que participaram do seminário Jarbas Vieira (Coordenador-Geral de Atendimento e Sociedade da Mesa de Diálogos da Presidência da República), Mônica Borges (Coordenadora Geral de Governança Fundiária e Proteção de Quilombos e PCTs no MDA) e Luiz Rodrigues (assessor do presidente do INCRA) ouviram as denúncias e preocupações das comunidades e reforçaram que encaminharão as demandas ao centro do Governo Federal. 

“Nossa prioridade é iniciar e terminar os RTID’s das comunidades que ainda não foram feitos. Vamos levar essa demanda fortemente ao centro do Governo para alocar recursos para fazer os estudos”, assegurou Luiz Rodrigues (INCRA). 

Cartografia Social

Durante seminário, a Cartografia Social de Baião e outros materiais das comunidades quilombolas do Tocantins foram entregues às autoridades do Governo Federal. Foto: Geíne Medrado (Ascom COEQTO)

Na ocasião, a COEQTO e a Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO) fizeram o lançamento da cartografia social do território quilombola Baião. O documento traz o mapa da área demandada do Território e conta a história da comunidade. Também houve a entrega de cópias impressas do Protocolo de Consulta da comunidade Baião, no qual delimitam como a consulta deve ser feita.

COEQTO e Quilombo Rio Preto denunciam ao CNDH violências sofridas pelas comunidades quilombolas no TO

Por Geíne Medrado

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) e a  Comunidade Quilombola Rio Preto denunciaram uma série de violências e violações aos Direitos Humanos sofridas pelos Territórios Quilombolas do Tocantins. A denúncia foi feita em audiência pública realizada na última sexta-feira, 27, pelo CNDH, em Palmas-TO, com participação do Núcleo Especializado de Defesa dos Direitos Humanos (NDDH) da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE), movimentos sociais e sociedade civil.  

A Comunidade Quilombola Rio Preto, que fica localizada no município de Lagoa do Tocantins-TO foi reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, no dia 25 de outubro deste ano após sofrer ataques violentos. Mesmo com o reconhecimento do Governo Federal, assim como em outros quilombos do Estado, o território é disputado por fazendeiros devido à falta de regularização.

Sem segurança, as 50 famílias de Rio Preto estão intimidadas e sitiadas em virtude da violência que se agravou no início de setembro depois que uma decisão judicial em desfavor dos agressores concedeu o direito à reintegração e manutenção de posse do território à comunidade.

Na audiência com o CNDH, Rita Lopes, presidente da Associação da Comunidade Quilombola Rio Preto, denunciou a situação de violência e violação aos Direitos Humanos da comunidade e pediu segurança às famílias que seguem sofrendo ameaças e intimidações, limitando o direito de ir e vir da comunidade, bem como a utilização das terras para suas atividades de subsistência. Atividades simples do dia a dia não estão sendo realizadas por medo de novos ataques.

“O Quilombo Rio Preto vem sofrendo série de ameaças à dignidade, à nossa existência e inclusive à nossa memória e nossos cemitérios também estão sendo ameaçados. Foi fechada a casa de arroz, a casa de farinha e a escola. Por mais que a gente venha pedindo socorro, no papel mudou, mas na prática, infelizmente, nada melhorou. Fazemos várias ações levando a polícia local e vários órgãos públicos. Eles prometeram fazer esse policiamento, mas infelizmente não foi cumprido. Esse é  um espaço para pedir socorro mais uma vez. Eu espero que o Quilombo Rio Preto e suas memórias sejam protegidos”, disse Rita Lopes.

A Coordenadora da COEQTO, Maryellen Crisóstomo, reforçou a preocupação com a situação de Rio Preto, pediu proteção às lideranças quilombolas e relatou a realidade dos outros mais de 40 territórios Quilombolas do Tocantins, que têm o direito à regularização negligenciado pelo Estado.  

Ainda durante a agenda de reuniões do CNDH em Palmas, a COEQTO se reuniu, na quarta-feira, 25, com o presidente do Conselho, André Carneiro, reportando a situação do Quilombo Rio Preto e as violações de Direitos a outras comunidades quilombolas do Tocantins.

O presidente do CNDH ouviu as demandas coletivas e reforçou que o Conselho irá trabalhar na produção de relatório e recomendações aos órgãos públicos responsáveis para melhorar a segurança dos quilombos no Tocantins.

Em reunião com o CNDH, COEQTO denuncia situações de violação aos Direitos Humanos sofridas pelas Comunidades Quilombolas do Estado

Por Geíne Medrado

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) esteve reunida com o Presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), André Carneiro, para tratar das diversas violações de Direitos Humanos sofridas pelas comunidades quilombolas do Estado do Tocantins. A reunião aconteceu nesta quarta-feira, na sede da OAB, em Palmas-TO.

Na reunião, a COEQTO denunciou a situação de conflito e violência sofridas pelas comunidades, bem como a ausência de políticas públicas básicas de garantia à dignidade humana como o acesso a água tratada, saúde e educação de qualidade. Também foi citado os impactos do avanço da mineração nos Quilombos no Tocantins. 

A Coordenação relatou ainda a negligência do Estado na Regularização dos Territórios Quilombolas do Tocantins e pediu apoio do CNDH no reforço à segurança das comunidades em situação de violência e conflitos agrários como os Quilombos Rio Preto, Clara Prata e Ouro Fino, Brejão, Ilha de São Vicente e outros. 

“Temos 44 territórios quilombolas e nenhum regularizado. A situação de muitas comunidades é de insegurança devido ao aumento de conflitos e violência. Falta o básico para as comunidades como acesso à água tratada, educação e saúde. Precisamos de apoio para melhorar a nossa realidade no Estado”, disse Maria Aparecida Ribeiro de Sousa, coordenadora Executiva da COEQTO. 

André Carneiro reforçou que o objetivo da agenda de reuniões do CNDH no Tocantins é ouvir as denúncias da sociedade civil em relação às violações de Direitos Humanos relacionadas à segurança pública e a partir dessa escuta criar estratégias conjuntas para resolução das situações. 

“Vamos fazer um relatório com o que foi relatado na reunião e fazer recomendações para o poder Público sobre situações mais delicadas de segurança das comunidades. A ideia é que a partir dessa documentação, as próprias comunidades possam cobrar das autoridades públicas uma resposta das recomendações que serão formuladas”, informou.

O presidente ainda reforçou a importância da presença dos movimentos sociais na audiência pública que será realizada na sexta-feira, 27, na Defensoria Pública do Estado, às 14h, para construir uma agenda de segurança pública que respeite os Direitos Humanos e o Estado Democrático. 

COEQTO lança documentário sobre a Comunidade Quilombola Malhadinha

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) lançou nesta terça-feira,24, o documentário “Comunidade Quilombola Malhadinha”. O documentário traz um recorte da história, cultura e tradições do Quilombo Malhadinha, localizado no município de Brejinho de Nazaré-TO, além de abordar a experiência das famílias com um projeto de fortalecimento à Agroecologia e sistemas produtivos na comunidade.

O documentário foi produzido em 2022 com o  apoio da COEQTO, ONG Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO), da Associação dos Mini e Pequenos Produtores da Comunidade Quilombola Malhadinha e financiamento do Instituto Clima e Sociedade (ICS). A  narrativa se dá pelos próprios moradores, por meio das entrevistas realizadas,  as  quais enfatizam o protagonismo da comunidade. 

Além do projeto de fortalecimento da agroecologia que teve como objetivo potencializar as atividades produtivas já trabalhadas pelas famílias da comunidade, tais como a criação de galinha, produção de farinha, horta, criação de peixe, produção de polpa, entre outras, o documentário também aborda as tradições culturais do Quilombo como a folia do Divino Espírito Santo e a celebração das Quiolimpíadas, evento idealizado pela comunidade, que une esporte e tradições da cultura quilombola.

Clique aqui e assista ao documentário! 

Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA) realiza agenda de diálogos em Palmas-TO

Durante os dias 02 e 03 de outubro, diversas organizações que compõem a Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA) estiveram reunidas na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Tocantins, em Palmas-TO, para discutir pautas referentes à agroecologia e demandas dos movimentos sociais e sindicais. 

Como encaminhamento da reunião, foram elaboradas propostas para o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – PLANAPO 2024-2027, bem como o planejamento das próximas agendas da ATA. Na oportunidade, também foi feito diálogo com Edmundo Rodrigues Costa, superintendente do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) – Regional Tocantins. 

Estiveram presentes representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento Sem Terra (MST), Articulação Camponesa, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Tocantins (FETAET), Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco (MICCB), Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO), Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO), Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Bico, organismo da Igreja Católica Cáritas e Empresa de Assessoria Técnica Social e Ambiental (ECOTEC). 

ATA realizou diálogo com o INCRA, nesta terça-feira, 03. (Foto: Geíne Medrado – COEQTO)